CAPÍTULO 11

Geovane abriu os olhos lentamente, acordando de seu sono. Ainda deitado, olhou pela janela e viu que já era noite. Levantou-se e caminhou em direção a escrivaninha. Neste momento, ouviu o telefone tocar.

Ouviu passos apressados e, logo depois, a voz da irmã atendendo.

– Mamãe, é para você –, disse ela.

Mais passos apressados. Geovane não conseguiu ouvir o conteúdo da conversa, mas logo percebeu que era sério. Ele ainda estava sonolento. Abriu a porta do quarto e caminhou até o banheiro. Ali, escovou dentes e tomou banho. Voltou ao quarto e vestiu uma roupa limpa.

Finalmente desceu as escadas rumo a sala. Não havia comido nada desde o café da manhã. Ao chegar no piso inferior da casa, foi direto para a cozinha, onde viu a mãe e a irmã, ambas com expressão triste, sentadas à mesa. Ele pegou uma maçã na geladeira e também sentou-se.

– Filho – disse Miriam – você se lembra da minha cabeleireira, certo?

– Sim, mãe. A Laura. Você conversou com ela hoje, mais cedo.

– Então... ela também está desaparecida.

Geovane ficou perplexo com a notícia. Sua cidade sempre foi segura e, agora, havia duas pessoas desaparecidas em menos de 24h.

– Foi o marido dela quem ligou. Pelo que ele disse, acho que o desaparecimento dela é bem parecido com o do Fábio –, continuou a mãe.

– Como assim parecido? – perguntou Geovane.

– Parecido, meu filho. Não há sinais de arrombamento, de violência, de nada. Ela apenas desapareceu, como se tivesse virado fumaça. Ela até deixou o telefone fora do gancho.

Era muito para processar. O menino não entendia como tanta coisa podia estar acontecendo em tão pouco tempo. Ele terminou de comer a maçã e voltou para o quarto. Mais uma vez, olhou para a pilha de livros. Sentou-se para tentar fazer mais uma parte do trabalho, mas antes de iniciar, a porta de seu quarto voltou a se abrir. Era Raymara.

– O que você quer?

– Irmão, você acha que o sumiço dela tem alguma relação com o do Fábio?

– Eu não faço ideia. Mas é muito estranho as pessoas começarem a sumir de repente. Se estas pessoas estiverem mesmo com sequestradores...

– Você acha que elas podem não ter sido sequestradas?

– Eu não sei o que pensar.

Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes, até que a menina deixou o quarto e fechou a porta. Geovane sequer se virou. Um barulho vindo da janela chamou sua atenção. Era Nino, mais uma vez, tentando entrar. O garoto o ignorou.

Se Fábio e Laura estão no mesmo lugar, pode ser mais fácil de encontrá-los. Se a polícia conseguir seguir as pistas de um, chegará aos dois. Seria possível?

Mais uma vez, Geovane desiste do trabalho. Quem sabe no dia seguinte. Embora não fosse próximo de Laura, o menino sabia que o seu desaparecimento não era obra do acaso. Mesmo não tendo dito à irmã, ele achava que havia uma relação entre os dois casos. Mas que relação seria essa? O dia seguinte seria domingo e ele esperava ter boas notícias.


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