CAPÍTULO 6

Após tomar banho, Geovane desceu para almoçar com a família. Enquanto Raymara agia como se nada estivesse acontecendo, a mãe seguia fria. Ele não pretendia contar a ela o que havia feito, então, a única saída era aguentar e esperar até que ela esquecesse o assunto.

Depois do almoço, o garoto voltou para o seu quarto. Lá espalhou os livros sobre a escrivaninha e iniciou o trabalho de história. O livro de capa preta também estava lá, aberto na página em que estavam os últimos nomes.

A tarde rendeu. O menino conseguiu avançar bem com o trabalho. Naquele ritmo, deveria concluí-lo ainda na manhã de domingo. Ele só foi interrompido duas vezes, ambas por Nino, tentando entrar pela janela. Já acostumado às investidas do animal, o garoto a mantinha sempre fechada.

O jantar foi um déjà vu do almoço. A irmã conversando e a mãe com seu comportamento frio. Geovane ficou feliz de voltar ao quarto ao fim da refeição. Ele retomou o trabalho.

Cansado e com sono, o garoto já não conseguia fazer a pesquisa no mesmo ritmo da tarde. Algumas vezes, se distraia com o livro da capa preta. Olhava, folheava, rabiscava e voltava ao trabalho. Depois de algum tempo, pegou no sono. Quando acordou, percebeu que era hora de parar. Foi ao banheiro escovar os dentes e voltou para dormir. Era melhor acordar cedo na manhã de sábado para continuar com os estudos.

Às seis e meia da manhã, o despertador tocou. Era hora de retomar o trabalho. Geovane se levantou, escovou os dentes e voltou à pesquisa. Tudo corria bem, tudo caminhava da maneira correta.

Mais tarde, sua mãe o chamou para o café e tomou um susto ao vê-lo acordado tão cedo em uma manhã de sábado. Os dois conversaram um pouco. Parecia que Miriam estava começando a aceitar o que aconteceu.

O café foi melhor que as últimas duas refeições. A mãe conversou, falou sobre o dia. Mais tarde, teria que ir à casa de sua cabeleireira, Laura. Raymara queria acompanhá-la, mas ouviu um não. Alguém tinha que acompanhar o castigo de Geovane, por isso, as duas não poderiam sair juntas de casa.

O menino acompanhou toda a conversa, fez alguns comentários soltos. Nada que tivesse muita importância e, depois, voltou ao quarto. Ainda não sabia direito porque decidiu pegar o livro na biblioteca. Também não tinha certeza se iria devolvê-lo. Sabia, apenas, que não contaria à sua mãe ou a sua irmã.

Ele voltou para o quarto e retomou a pesquisa. Queria chegar à metade antes do almoço. Mais uma vez, viu Nino tentando entrar. Agarrou sua borracha, que estava sobre a escrivaninha, e a arremessou na janela para assustar o felino. Ele fugiu com o barulho. Geovane apanhou novamente a borracha, devolveu-a ao local onde estava antes, e se sentou para continuar com sua missão do fim de semana. Seu sossego não duraria muito.

Por volta das dez horas, o telefone tocou. Foi Miriam quem atendeu. Cerca de cinco minutos depois, ela entrou no quarto de Geovane. Pela sua expressão, ele sabia que algo havia acontecido.

– Filho, o que aconteceu ontem, na casa do Fábio?

– Essa história de novo, mãe? Eu já disse que...

– Filho –, interrompeu ela, – ele estava estranho? Disse algo que chamou sua atenção.

A expressão do menino mudou. Percebera que a conversa não era sobre ele, mas sobre Fábio.

– Ele estava normal, mãe. Por que? O que aconteceu?

A mãe pensou um pouco, respirou fundo, olhou seriamente, direto nos olhos de Geovane, e falou:

– Fábio está desaparecido.

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