CAPÍTULO 5

Raymara subiu até seu quarto, onde guardou seu material escolar e trocou o uniforme por uma roupa mais confortável. Ao contrário do irmão, não tinha qualquer atividade escolar para fazer, o que lhe deixava com todo o fim de semana livre. Mas, antes de começar a aproveitá-lo, algo a incomodava. Afinal, o que Geovane estava escondendo?

Ela saiu do seu quarto e sentou-se no alto da escada. De lá, poderia ver o irmão, assim que entrasse pela porta da frente. Além disso, também era impossível que ele chegasse até o quarto sem passar por ela.

Na cozinha, a mãe também aguardava a chegada do filho. Por implicância de irmãos, Raymara não ficava exatamente triste quando o garoto levava uma bronca ou ficava de castigo. Aquele, no entanto, não era o caso.

Ela foi a primeira a ver quando o irmão entrou em casa com um livro de capa preta nas mãos. Ele logo percebeu a mochila jogada sobre o sofá, a pegou, e enfiou o livro lá dentro. Antes de coloca-la nas costas para subir as escadas, sua mãe apareceu.

– Muito bonito! Que novidade é essa de levar o amigo em casa?

– Ah, mãe! Eu só quis ajudar.

– E quem ajuda você na volta, quando você está sozinho? Por que não veio aqui perguntar se podia ir levá-lo em casa? O que você está me escondendo?

– Eu não quis entrar por que o Nino estava aí na porta.

– Até onde eu sei, sua irmã estava com vocês. Ela podia muito bem espantar o gato.

– A senhora me deixaria ir até lá se eu tivesse pedido?

– Talvez eu até acompanhasse vocês.

Raymara observava tudo do alto da escada e sabia que aquilo não era verdade. A mãe poderia deixar ou não o irmão ir até a casa de Fábio, mas nunca o acompanharia até lá.

– Diga logo, menino: o que está me escondendo?

– Não estou escondendo nada, mãe. Eu só queria ir à casa dele. Acompanhá-lo até lá.

– Vai mentir para mim? Tudo bem. Está de castigo. Não vai sair de casa por todo o fim de semana.

Raymara sabia que aquilo não era bem um castigo para o irmão, afinal, ele não sairia de qualquer forma. O trabalho de história o assombrava e ele o faria em casa, independentemente do castigo.
Ele começou a subir as escadas e, assim que se aproximou da irmã, ela, tomando o cuidado de falar baixo para que a mãe não os ouvisse, perguntou:

– O que realmente você foi fazer na casa do Fábio?

– Não é da sua conta. Saia da frente.

– Aquele livro que você enfiou na bolsa... foi ele quem te deu?

– De novo: não é da sua conta.

– Aposto que tem safadeza nesse livro, por isso você está escondendo de todo mundo.

– Sai da minha frente, menina chata.

Ela afastou-se até seu corpo tocar no corrimão. Enquanto isso, Geovane foi para o outro lado, próximo à parede, para conseguir passar. Então, foi para o quarto e fechou a porta.

Raymara apenas observou o comportamento do irmão. A conversa só serviu para trazer mais perguntas. Algo continuava errado.

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