CAPÍTULO 13

O domingo chegou e se foi sem que surgisse nenhuma novidade sobre o desaparecimento de Fábio e Laura. Ainda muito triste, Geovane sabia que tinha coisas a fazer. As aulas haviam sido canceladas, o que lhe dava mais alguns dias para concluir o trabalho de história. De qualquer forma, ele precisava ir até a biblioteca, renovar o empréstimo dos livros.

Ele resolveu não levar a mochila, pegou os três livros nos braços e, então, viu o pequeno livro de capa preta logo ao lado, também em cima da escrivaninha. Lembrou-se, então, do conselho de Fábio: era preciso devolver e pedir desculpas. Neste momento, uma voz quebrou o silêncio.

– Vai devolver os livros da biblioteca? Vamos até a casa do Fábio, pegar os livros que estavam com ele para devolver também –, convidou Raymara.

Geovane passou todo o fim de semana querendo ir até a casa do amigo para tentar entender o que havia acontecido. Agora, com o convite da irmã, teve medo.

– Raymara, eu prefiro não ir lá agora. Vamos fazer assim: você vai à casa do Fábio e eu espero você na biblioteca, pode ser.

Ele notou a decepção no rosto da irmã, que se virou e saiu. O garoto pegou o livro e juntou-o aos outros três. Resolveu devolvê-lo à bibliotecária. Ele desceu as escadas e foi para a rua. Pegou o mesmo caminho de sempre, rumo a biblioteca.

Alguns minutos depois de sair de casa, Geovane já estava na metade do caminho. Andando sempre pelas calçadas, o menino perdeu-se em seus pensamentos enquanto continuava a caminhada. De repente, tropeçou. Suas mãos conseguiram parar o impacto antes de seu rosto se chocar com o solo. Os livros, no entanto, ficaram espalhados pelo chão.

O garoto olhou para trás, tentando descobrir em que tropeçara. Viu um mendigo, sentado no chão com as pernas esticadas. O homem estava com boa parte do corpo e toda a cabeça cobertos por um pano velho. Apenas era possível ver uma pequena parte de cabelos grisalhos.

Não era comum ver mendigos na cidade, o que não significava que não existissem. Ele não pareceu se importar com o tropeço do menino. “Deve estar bêbado”, pensou Geovane, que se levantou e começou a recolher os livros. Após pegar os três de história, foi na direção do outro, que estava mais afastado.

Ao se aproximar, o garoto percebeu que ele estava aberto exatamente na página em que os últimos nomes estavam escritos. Ele já havia decorado os nomes que estavam naquela página: Bruce, Sofia, Elza e Samuel.

Ele se aproximou e deu uma última olhada no livro. Foi então que um calafrio percorreu o corpo de Geovane. Aquilo estava muito errado. O garoto entrou em pânico ao ver a lista de nomes escritos naquela folha. Ela estava maior. Não estava como antes. De repente ficou pálido como a neve. Um turbilhão de pensamentos, emoções e terrores invadiu seus pensamentos, quando conferiu os nomes que estavam na página.

Bruce, Sofia, Elza, Samuel, Fábio e Laura.


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