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CAPÍTULO 15

Eram cerca de 5h da tarde quando um carro preto estaciona na frente da praça da cidade. Do outro lado da rua há uma lanchonete. Três homens bem vestidos descem do carro e seguem rumo ao estabelecimento. Os três sentaram-se à mesa. Logo uma jovem vem atendê-los. Era Lia, a garçonete. Com apenas 18 anos, a moça estava em seu primeiro emprego. Ela aproximou-se da mesa com três cardápios em mãos e os distribuiu. Foi o mais alto deles quem falou. – Boa tarde, senhorita. Queremos apenas uma pizza. Pode ser de calabresa. Tamanho grande. – Os senhores desejam algo para beber? O homem então olhou alguns instantes para o cardápio e, finalmente, concluiu. – Quando trouxer a pizza, traga também uma jarra de suco de maracujá, por gentileza. A forma educada com que o homem falara chamou a atenção da moça. Além disso, ele mantinha sempre um sorriso simpático no rosto. Ela sabia que eles não eram da cidade. Lia anotou o pedido e se afastou. Ela entregou o pedido na cozinha

CAPÍTULO 14

Bruce, Sofia, Elza, Samuel, Fábio e Laura. Os nomes estavam dispostos em forma de lista. Como se não bastasse a inclusão de mais dois nomes, Geovane reconheceu a caligrafia dos dois últimos: era a sua. Como aquilo poderia ser possível? Quando aqueles nomes foram incluídos ali? Eles foram escritos antes ou depois do desaparecimento de ambos? O menino não conseguia responder a nenhuma daquelas perguntas. Ainda assim, sentiu que o livro não deveria ser devolvido à biblioteca antes de ele descobrir o que estava acontecendo. O garoto recolheu o livro do chão, o juntou aos outros três que estavam em seus braços e começou a voltar. Já bem próximo de casa, encontrou Raymara, que voltava da casa de Fábio. Ela também trazia três livros em seus braços. Ela, então, perguntou: – Por que você está voltando para casa com os livros? Você vai tomar uma multa se não devolvê-los. Geovane já nem se lembrava da multa. Com a fala da irmã, separou os três livros de história e entregou-os a e

CAPÍTULO 13

O domingo chegou e se foi sem que surgisse nenhuma novidade sobre o desaparecimento de Fábio e Laura. Ainda muito triste, Geovane sabia que tinha coisas a fazer. As aulas haviam sido canceladas, o que lhe dava mais alguns dias para concluir o trabalho de história. De qualquer forma, ele precisava ir até a biblioteca, renovar o empréstimo dos livros. Ele resolveu não levar a mochila, pegou os três livros nos braços e, então, viu o pequeno livro de capa preta logo ao lado, também em cima da escrivaninha. Lembrou-se, então, do conselho de Fábio: era preciso devolver e pedir desculpas. Neste momento, uma voz quebrou o silêncio. – Vai devolver os livros da biblioteca? Vamos até a casa do Fábio, pegar os livros que estavam com ele para devolver também –, convidou Raymara. Geovane passou todo o fim de semana querendo ir até a casa do amigo para tentar entender o que havia acontecido. Agora, com o convite da irmã, teve medo. – Raymara, eu prefiro não ir lá agora. Vamos fazer a

CAPÍTULO 12

Eram cerca de 10h da manhã de domingo, quando um carro preto brilhante entrou na cidade pela avenida principal. Passou na frente da escola onde Fábio, Geovane e Raymara estudavam. Ali, baixou o vidro o suficiente para identificar o nome da rua que estava em uma pequena placa, grudada no muro do lugar. Continuou pela avenida, sempre checando as placas, até encontrar a rua onde as crianças moravam. Seguiu, então, por ela, para a esquerda. O veículo, claramente, reduziu a velocidade, observando a numeração das casas, até chegar ao 1447. Esta era a casa do menino desaparecido. Três homens, todos usando paletós e gravatas, desceram do veículo e foram até a porta da casa. Tocaram a campainha e aguardaram, até que uma mulher loura, de olhos castanhos, com cerca de 45 anos, veio atender. Era Glória, mãe de Fábio. – Pois não –, disse ela, não reconhecendo nenhum dos visitantes. – Bom dia! Gostaríamos de falar com a senhora Glória –, respondeu o mais alto deles, com um largo sor

CAPÍTULO 11

Geovane abriu os olhos lentamente, acordando de seu sono. Ainda deitado, olhou pela janela e viu que já era noite. Levantou-se e caminhou em direção a escrivaninha. Neste momento, ouviu o telefone tocar. Ouviu passos apressados e, logo depois, a voz da irmã atendendo. – Mamãe, é para você –, disse ela. Mais passos apressados. Geovane não conseguiu ouvir o conteúdo da conversa, mas logo percebeu que era sério. Ele ainda estava sonolento. Abriu a porta do quarto e caminhou até o banheiro. Ali, escovou dentes e tomou banho. Voltou ao quarto e vestiu uma roupa limpa. Finalmente desceu as escadas rumo a sala. Não havia comido nada desde o café da manhã. Ao chegar no piso inferior da casa, foi direto para a cozinha, onde viu a mãe e a irmã, ambas com expressão triste, sentadas à mesa. Ele pegou uma maçã na geladeira e também sentou-se. – Filho – disse Miriam – você se lembra da minha cabeleireira, certo? – Sim, mãe. A Laura. Você conversou com ela hoje, mais cedo.

CAPÍTULO 10

Chegar em casa foi um imenso alívio para Raymara. A menina olhou pela janela da frente da casa, disfarçadamente, e não avistou a mãe. Retirou novamente a sandália dos pés e abriu a porta com muito cuidado. Entrou bem devagar, esticou o pescoço, tentando ver se alguém estava na cozinha e, ao perceber que não, seguiu na direção da escada. Do topo da escada, apertou o passo até chegar ao seu quarto. Respirou aliviada assim que entrou e fechou a porta. Caso a mãe perguntasse algo, diria que ficou ali desde que saiu do sofá. De repente ouviu a porta do quarto do irmão se abrir. Raymara decidiu sair do seu próprio quarto e, então, viu sua mãe descendo as escadas. Aparentemente, havia acabado de sair de onde o irmão estava. A menina decidiu vê-lo. Ela abriu a porta e encontrou o irmão de pé, olhando pela janela. Desta vez, nenhum gato forçava a entrada. Raymara aproximou-se. – Quero te contar um segredo, mas você não pode contar para a mamãe –, disse a menina. – Já tenho

CAPÍTULO 9

Raymara jogou-se com muita força no sofá. Era uma das suas formas de demonstrar seu descontentamento. A menina sabia que a mãe estava certa por estar preocupada, mas não havia desistido da ideia de sair de casa. Ela queria ver tudo com seus próprios olhos. A mãe pegou novamente o telefone e começou a falar com Laura, sua cabeleireira. Raymara, então ficou de olho, esperando uma oportunidade. Miriam continuava andando de um lado para o outro da sala, com o telefone ao ouvido. Finalmente, desligou. Sem sequer olhar para a filha, Miriam subiu as escadas, rumo ao quarto de Geovane, era a oportunidade perfeita. A menina levantou-se, pegou o par de sandálias com sua mão direita e, descalça, andou na direção da porta. Evitou fazer barulho na mesma medida em que se esforçou para caminhar depressa. Ao passar pela porta, a menina colocou o par de sandálias no chão, enfiou os pés neles e, finalmente, começou a jornada rumo à casa de Fábio. Foram cerca de dez minutos de caminhada, enq